A Importância de um Mestre

“A Meditação não é um fazer, mas algo que acontece.”

Meditações e Rituais | Compreendendo a Meditação
Instruções para a Meditação

As pessoas seguem o caminho de acordo com suas próprias preferências e, portanto, encontram suas próprias vivências. Sem orientação ou um mapa é muito fácil se perder no caminho. A sabedoria antiga nos oferece um roteiro do caminho. Se alguém tem o pensamento confuso, é como estivesse encoberto de neblina. “Um homem encoberto de neblina é um viajante cego.”

Um mestre ajuda, oferece informações e dá apoio. Um mestre que conhece o caminho e sabe explicá-lo para os outros é chamado no oriente de “Guru”. Hoje em dia o significado da palavra ficou completamente distorcido. Para nós a palavra Guru significa um mestre falso e um impostor. É por esse motivo que muitos não aceitam um mestre e preferem ter suas próprias experiências. Por ignorância dão muitas voltas. Pular de um mestre para o outro como nômades significa que não queremos decidir e agir. Mesmo lendo muitos livros sobre o assunto, alguém que é muito materialista, emocional ou mental não tem acesso a um mestre.

Portanto, algumas pessoas dizem que os mestres e os mestres da sabedoria não existem. Um instrutor ou mestre somente aparece para aqueles que buscam a realização. Um verdadeiro mestre é reconhecido pela maneira em que enfatiza a simplicidade, que ele mesmo demonstra, e pela maneira em que as pessoas se transformam na sua presença. Servir sem interesse pessoal é a qualidade de uma pessoa realizada. A falta de simplicidade leva ao engrandecimento de si, publicidade, ostentação, desejo de riqueza e até manipulação do outro.

Todo verdadeiro mestre tem uma única missão. É ajudar todos que estão a sua volta a lembrar de sua verdadeira natureza e com sua orientação possibilitar a realização espiritual para que possam se expressar como seres de Luz, divinos e imortais.

Como no alpinismo, a nossa jornada interior precisa de equipamento de qualidade e um guia experiente. Não precisamos procurar um mestre porque ele nos conhece melhor do que nós o conhecemos. Se conseguíssemos reconhecer o mestre, seríamos tão grandes quanto ele. A presença do mestre transforma o aluno, do mesmo modo que um pedaço de ferro é magnetizado quando está perto de um imã. Pensando nele antes de meditar ou estudar, a meditação é realizada na sua presença. Só pensar na sua presença já é o suficiente. Com sua presença, conseguimos elevar nossa consciência e melhorar a qualidade de nosso trabalho.

De acordo com a sabedoria antiga, o conhecimento existe desde o começo da humanidade. O mesmo acontece com o relacionamento entre mestre e aluno. Esse relacionamento começou com o aparecimento dos seres. A ciência da Ioga ensina que, “O Senhor que existe nos corações de todos é o Mestre dos mestres. Ele é a semente de toda sabedoria e toda realização.” O Mestre que é Uno chama-se Guru em sânscrito e é representado no homem como a consciência do Senhor. Não é uma pessoa, mas um princípio. O mestre interior existiu antes do ser humano. Já foi mestre daqueles que vieram antes de nós.

O princípio-mestre atua através da forma de um mestre. Para muitos a forma é mais importante do que o princípio atuando através da forma. Muitos criam uma seita ou religião em volta da personalidade do mestre, tornando-se seguidores ciumentos. Mas na realidade todo mestre representa um princípio universal, um exemplo do INSTRUTOR e do MESTRE. Esse princípio uno atuando através de muitos mestres também é conhecido como o Mestre do Mundo.

Os mestres da sabedoria eterna nos mostram o ideal de como seria uma vida normal no dia a dia com um foco voltado ao interior. Os princípios básicos que os mestres enfatizam para o desenvolvimento espiritual são a meditação, o estudo espiritual e o serviço voltado ao bem comum, feito em silêncio e sem alarde. Os mestres guiam aquele que busca a espiritualidade e mostram a verdade que existe em todo ensinamento e religião, numa linguagem adaptada à época. Seus ensinamentos enfatizam a síntese, que a humanidade é uma unidade e que toda existência é uma totalidade maior. Os mestres atuam como modelos para nós e nós deveríamos desejar ser um modelo para a próxima geração.

O conhecimento espiritual é revelado de acordo com as leis da época. Às vezes fica oculto e às vezes é revelado. Os grandes mestres que transmitem a sabedoria são membros da Hierarquia Espiritual. Desde tempos imemoriais, a Hierarquia Espiritual indica o Caminho de Luz para a humanidade.

Existem várias reações aos ensinamentos e aos mestres da sabedoria, como rejeição, preconceito, mas também idealismo sonhador e canalização sentimentalista que simula contato com as esferas mais elevadas. Muitos buscam a Hierarquia sem sucesso porque não querem seguir o primeiro passo que é levar um estilo de vida correto. Aquele que segue o caminho da Hierarquia permanece um homem simples e comum entre as pessoas comuns, mas inspira as pessoas ao seu redor, por causa de seu amor ativo e trabalho contínuo e silencioso. A sabedoria é ensinada mais através do exemplo do que verbalmente.

O mestre ou instrutor não é nada mais que um espelho da nossa alma. Por estarmos acostumados a buscar orientação no mundo exterior, a Hierarquia nos ajuda a compreender a nossa verdadeira natureza e, assim, decidir o que é certo e o que é errado. O mestre faz sugestões, e podemos ou não segui-las. O mestre só oferece orientação. Não toma decisões por nós. Ele oferece esclarecimentos para problemas, mas ao mesmo tempo pede que o aluno pense e decida por si mesmo. O desejo dele é que aprendamos a discriminar criticamente, a exercer o livre arbítrio e a sintonizá-lo com a Vontade Divina.

Antigamente, o mestre assumia a responsabilidade pelo aluno, com a condição de que o aluno obedecesse sem questionamento tudo que o mestre dizia. Atualmente, o discípulo tem muito mais independência do que antigamente. Precisa aprender a agir com responsabilidade em relação ao eu superior ou alma. O mestre trabalha diretamente com a alma. O discípulo precisa utilizar seu livre arbítrio para encontrar o caminho da sabedoria, aceitando a responsabilidade por todos os seus atos. A presença do mestre precisa ser invocada interiormente pelo aluno. Não é o mestre que decide. O discípulo precisa sentir a presença do mestre e começar a trabalhar.

O mestre orienta interiormente. Somos inspirados a ir a certos lugares ou aprender certos assuntos, como astrologia, etimologia ou homeopatia. Achamos que a inspiração é nossa, mas é o mestre trabalhando interiormente. Um livro pode ter existido milhares de anos, mas de repente somos atraídos por ele. Usando nossa intuição, conseguimos entender a essência de algo. Muito mais é revelado assim do que qualquer professor pode nos ensinar intelectualmente. O mestre estimula interiormente até que nos tornemos verdadeiros trabalhadores de boa vontade.

A presença do MESTRE através de um mestre produz as transformações necessárias naquele que busca a espiritualidade. Os padrões de vida de uma pessoa mudam de uma maneira conveniente e agradável. Da mesma maneira que partículas de ferro formam um padrão específico com a aproximação de um imã. Através do mestre a presença da sabedoria fica perceptível, do mesmo modo que a eletricidade fica visível através de uma lâmpada. Sua presença desperta a consciência, não uma doutrina ou influência externa. Não é a personalidade do mestre ou sua presença física. A chave é sentir a presença do mestre.

Ao invocar a presença de um grande mestre, somos magnetizados. A visualização de um mestre durante a meditação é como invocar um imã. Se visualizamos o mestre ou sua energia, sua presença nos ajuda a meditar. Com a presença do mestre, recebemos ajuda de uma fonte que não conseguimos alcançar sozinhos. Não é uma sensação, mas a vivência direta da presença do nosso Eu Superior.

A meditação feita regularmente durante um longo período elimina seu antigo ritmo, estabiliza uma nova vibração e transforma sua vida. O mais importante é ver a alma em todos que encontramos no mundo. Não devemos rejeitar qualquer situação ou tipo de comportamento. Devemos atuar com a mesma eficácia no mundo externo e no mundo interno, ou seja, “Estou no mundo, mas não sou do mundo.” Os mestres são um exemplo nos mostrando que também podemos nos transformar e alcançar maestria, do mesmo modo que a lagarta se torna uma borboleta.

O caminho espiritual é muito comprido e leva muitas encarnações. Não devemos pensar que podemos concluí-lo em apenas uma vida. Mas se percebemos corretamente a dimensão do tempo, nosso progresso será lento mas constante. Devemos conhecer as linhas gerais do caminho e entender seu objetivo, para então dar o próximo passo.

“O homem pode superar todo obstáculo se o objetivo estiver claro para ele. Ao ver a Luz distante, não prestará atenção às dificuldades do caminho. Não contará os passos até essa Luz, pois a luz também brilha no seu coração.” (Supermundane, 634)